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Estudantes de Minas Gerais desenvolvem método para extrair ouro de lixo eletrônico

22 de fevereiro de 2016

Filipe Almeida disse que a ideia surgiu após descobrirem, assistindo a um programa de televisão, que o lixo eletrônico gerado no Brasil não costuma ser reaproveitado

Estudantes de engenharia química do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste) desenvolveram uma nova forma de recuperar ouro e cobre presentes no lixo eletrônico. O novo método seria uma alternativa mais rápida e segura, sem usar cianeto de potássio no processo de recuperação, segundo os autores.

O estudo consta do trabalho “Recuperação do ouro e cobre presentes em lixo eletrônico”, de autoria de Filipe Souza Almeida, Gabriela Von Rückert Heleno, Leonardo Ramos Paes de Lima, Lúrima Uane Soares Faria, Matheus Assis Domingues, Ricardo França Furtado da Costa, foi apresentado durante o 29º Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química (SBQ-MG).

 
Filipe Almeida disse que a ideia surgiu após descobrirem, assistindo a um programa de televisão, que o lixo eletrônico gerado no Brasil não costuma ser reaproveitado. Geralmente é descartado na natureza, o que traz riscos ambientais, ou vendido por preços baixos para países como a Alemanha, onde há uma indústria estabelecida para esse trabalho.
 
“Pensamos: ‘se não existem empresas devidamente capacitadas para isso no nosso país, podemos tentar desenvolver um processo industrial para esse tratamento’”, disse Almeida. O que dificulta a extração direta dos metais no lixo eletrônico é o fato dos metais geralmente não estarem na forma pura, mas como ligas.
 
A recuperação geralmente é feita por meio da pirometalurgia, que consiste em aquecer o lixo eletrônico, incluindo peças de plástico, e separar os metais por ponto de fusão. É o método mais barato, porém gera gases tóxicos e os metais recuperados têm baixo teor.
 
Outra forma é a hidrometalurgia, que dissolve o metal por meio de reações químicas, o separando de outras substâncias. Uma vantagem é o alto teor do material obtido, mas, no caso do ouro, por exemplo, o procedimento inclui cianeto de potássio, que é altamente tóxico.
 
“Trabalhamos com ouro sem utilizar cianeto. Com isso, reduzimos a toxicidade em cerca de 90%”, afirmou Almeida. O método, segundo ele, é mais rápido, reduzindo o tempo de lixiviação do metal de uma semana para duas horas.
 
Os estudantes da Unileste querem agora descobrir formas de extrair do lixo eletrônico metais como prata, chumbo, estanho, platina e níquel. Eles pretendem levar o procedimento do ambiente laboratorial para uma escala maior e avaliar se o método é economicamente viável. O projeto tem bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e uma verba de R$ 10 mil, obtida com o prêmio Sustentabilidade Radix.
 
De acordo com a Organização das Nações Unidas, o mundo produziu 42 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2014, com potencial para chegar a 50 milhões de toneladas em 2018. Segundo relatório da organização, de 60% a 90% desses resíduos são descartados ou comercializados ilegalmente. A tonelada custa cerca de US$ 500, segundo a Interpol.
 
Ouro, cobre, prata, zinco, estanho e platina são alguns dos metais presentes em grande parte dos equipamentos eletrônicos. Em uma placa de circuito impresso, componente de computadores e smartphones, por exemplo, estima-se que quase um terço da composição é de metais. O mais comum é o cobre, com 14%, seguido por ferro, 6%; níquel, zinco e estanho, com 2%; prata 0,3%; ouro 0,04%; e platina 0,02%.
 
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