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Circularidade na mineração depende de políticas que transformem esta prática em negócio estruturado

14 de maio de 2025

É o que defendeu o IBRAM no Fórum Mundial de Economia Circular.

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) considera que a economia circular é uma ferramenta estratégica para transformar o setor mineral, mas ainda existem desafios importantes, sobretudo em termos de viabilidade política, econômica e de barreiras tecnológicas. Mineradoras que atuam no Brasil já fornecem rejeitos para fabricar asfalto, materiais para construção civil, produtos para enriquecer o solo para uso pela agropecuária, entre outros objetivos, mas em baixa escala. É preciso transformar essas práticas em um negócio estruturado, de modo a criar condições para haver mais investimentos e assegurar retorno sobre esses aportes, ainda que a longo prazo. O caminho é instituir políticas públicas, com efetiva participação da iniciativa privada, voltadas a favorecer a montagem e a sustentabilidade de cadeias produtivas específicas.

Crédito: Divulgação

Foi o que afirmou o diretor de Sustentabilidade do Instituto, Rinaldo Mancin, em sua apresentação no Fórum Mundial de Economia Circular (WCEF 2025), realizado nesta terça-feira (13/5), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. “Mineradoras produzem, por exemplo, areia a partir dos rejeitos. Sabemos que a areia é geralmente extraída dos leitos dos rios, entre outros locais, então, se ela for gerada em maior quantidade a partir de rejeito mineral, isso terá um reflexo ambiental muito positivo”, exemplificou para justificar mais apoio e atenção à circularidade no setor mineral.

Ele disse ainda que em minas antigas é possível encontrar depósitos minerais economicamente interessantes nos rejeitos, mas há desafios a serem superados, como os riscos de segurança para essa manipulação, algo que pode ser solucionado com a inovação tecnológica, entre outras medidas. Mancin também sublinhou que o cobre pode ser obtido a partir do processamento de sucata industrial, mas é um processo muito custoso.

Mancin disse que o Brasil precisa criar atrativos para ampliar a reciclagem na mineração, como reduzir prazos e custos para licenciamento e criar instrumentos de financiamento mais adaptados à realidade e às perspectivas do setor mineral. Clique aqui para assistir às palestras e debates do WCEF 2025.

Mineração no combate à mudança climática

O diretor do IBRAM também reforçou o papel central da mineração na transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável. “A mineração é parte da resposta global à crise climática. Se queremos soluções reais para mudanças climáticas e geração de energia limpa, precisamos reconhecer que as fontes de energia dependem de minerais críticos e estratégicos (MCEs)”, disse.

A ex-ministra do Meio Ambiente e integrante do Conselho Socioambiental do IBRAM, Izabella Teixeira, também participou do fórum e abordou a importância dos MCEs para países como o Brasil, que têm potencial para expandir sua produção e liderar o suprimento global dessas substâncias. Ela pontou que a reorganização da ordem internacional envolve os países, caso do Brasil, que detêm oferta em termos de recursos naturais, e, neste cenário, ganha mais visibilidade a agenda de países produtores de MCEs e os que desenvolvem soluções tecnológicas que possam ser compartilhadas, como energia solar, eólica e eólica offshore, biocombustíveis, SAF (biocombustível para aviação).  Segundo ela, esses países, podem passar a influenciar novos modelos econômicos e discutir com as demais nações o desenvolvimento, considerando o risco climático nessa variável:

– “Os países do sul global têm condições de ser provedores de soluções, de modo a não estarem expostos ao novo extrativismo econômico ou ao novo colonialismo (que podem decorrer de acordos comerciais para acesso a recursos naturais)”, afirmou, ao se referir à sua proposta de que os países do sul precisam provocar o debate sobre land transition (transição e regulação do uso do solo) e não apenas sobre transição energética.

Ex-ministra defende sinergia entre setores público e privado

Crédito: Divulgação

Izabella Teixeira sublinhou que a economia circular não pode se limitar a manter um olhar em torno de reciclagem, mas evidenciar a eficiência de recursos naturais em todas as cadeias produtivas. Segundo ela, as soluções climáticas demandam sinergia entre políticas públicas e cadeias produtivas. “Não adianta o Brasil ter abundância de minerais críticos e estratégicos se não tiver sinergia de políticas ambientais que viabilize licenciamento, certificações, competitividade e o investimento do setor privado no tempo que é preciso para (desenvolver) as soluções. Tem que ser pragmático”, disse.

No caso da mineração brasileira, ela reclamou que há uma demora que pode ser de 15 anos para o poder público conceder licença ambiental para uma mina operar e produzir. “Não tem negócio que sobreviva a isso. O setor privado tem que estar alinhado para ter uma relação mais eficiente com o setor público e não esperar que todas as soluções venham do setor público”, recomendou.

WCEF 2025

A sessão foi organizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o Painel Internacional de Recursos (IRP), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Também participaram do debate com Rinaldo Mancin o representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Claudio Providas, o professor de Política de Recursos e Meio Ambiente no University College London, Paul Ekins, a líder de Economia Circular e ativista, Slendy Diaz, a gerente de Programa Ellen MacArthur Foundation, Xiaoting Chen.

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